Existem três grandezas elétricas fundamentais das quais derivam toda a teoria e prática da eletricidade: a corrente, a tensão e a resistência elétrica. Vamos explicar estas grandezas através de uma experiência prática descrita a seguir.
Deixaremos um vídeo com uma aula correspondente no final deste artigo, para que vocês possam acompanhar também a execução desta experiência na prática.
Vamos utilizar o circuito elétrico básico mostrado na figura ao lado para entendermos na prática o que são estas grandezas elétricas.
Este circuito é composto por vários conectores chamados de SINDAL, os quais permitem fazermos as conexões de forma segura utilizando parafusos isolados.
Na parte esquerda do circuito temos um conector SINDAL duplo usado para a entrada de energia elétrica com 127V, ligado à tomada de energia através de um cabo duplo com plug de tomada em sua outra extremidade.
Temos um fio vermelho que sai da parte de cima do conector duplo e vai até um conector SINDAL simples, o qual entra em um interruptor simples redondo, que está na parte superior do circuito. Outro fio vermelho sai do interruptor e é interligado em outro conector SINDAL simples, que por sua vez é conectado a outro conector SINDAL duplo do lado direito do circuito, na parte superior. Saindo deste conector duplo pela direita, temos um fio vermelho que é ligado na entrada de um bocal, onde está rosqueada uma lâmpada incandescente vermelha. Até este ponto utilizamos os fios de cor vermelha, para representar o caminho da energia até "chegar" na carga, representada aqui pela lâmpada vermelha.
A partir deste ponto, usamos fios de cor azul, para representar o caminho da energia a partir da carga até "retornar" à fonte de entrada, passando por outros conectores SINDAL. Temos um outro conector duplo onde pode ser interligada outra carga no circuito. Uma observação importante é que deixamos dois conectores simples na parte inferior do circuito com o propósito de fazermos medições de corrente, conectando o aparelho entre estes dois pontos, como será explicado mais adiante.
Na figura podemos ver também um aparelho que permite realizar diversas medições elétricas, comumente chamado de multímetro. Vamos utilizá-lo nesta aula para mostrar como medir as grandezas elétricas explicadas aqui.
CORRENTE ELÉTRICA
A corrente elétrica é definida como o fluxo ordenado de elétrons livres em um condutor, é representado pela letra I e tem como unidade de medida o ampère, cujo símbolo é a letra A.
Toda matéria é composta por átomos que por sua vez são compostos por elétrons, prótons e nêutrons. Os prótons e nêutrons ficam no núcleo do átomo enquanto os elétrons ficam circulando ao redor do núcleo, semelhante a planetas circulando ao redor do sol em suas órbitas.
Quanto mais afastados do núcleo, mais livres são os elétrons para circular, chegando alguns a se afastarem temporariamente quando recebem um acréscimo de energia pela exposição à luz e calor.
Em um condutor elétrico, que é um material com características físicas que permitem a circulação de elétrons livres, estes estão livres para se agitarem de forma desordenada quando recebem esta "energia extra".
Quando conseguimos ordenar estes elétrons livres em uma determinada direção, criamos o que é chamado de corrente elétrica.
Para medir corrente elétrica, temos que abrir o circuito e fazer a corrente elétrica passar pelo aparelho medidor, como mostrado na figura ao lado, tiramos o fio entre os conectores de baixo e colocamos as pontas de prova do multímetro entre elas.
Na imagem do circuito, podemos ver que o aparelho está marcando 0,130 A que representa 130 milésimos de ampère. Esta corrente circula pelo circuito quando o interruptor é acionado, fechando o caminho para a passagem da energia até a lâmpada.
A lâmpada utilizada neste circuito é composta de um filamento de tungstênio que se aquece até ficar incandescente, produzindo luz e calor. Daí deriva o nome das lâmpadas incandescentes.
A intensidade da corrente elétrica depende da resistência elétrica do tungstênio e da tensão elétrica na entrada do circuito. Já falaremos mais adiante sobre estas outras duas grandezas, a tensão e a resistência elétrica. Assim, se trocarmos a lâmpada por outra diferente, teremos uma corrente elétrica diferente também.
Se ligarmos outra lâmpada neste circuito, teremos um acréscimo de corrente elétrica que será a soma das corrente que precisaríamos para ligar cada lâmpada separadamente.
TENSÃO ELÉTRICA
A tensão elétrica é a força exercida nos extremos do circuito elétrico para movimentar de forma ordenada os elétrons. A tensão é representada pela letra E, muitas vezes também pela letra U e a sua unidade de medida é o volts, que tem como símbolo a letra V.
Nós vimos um pouco acima que os elétrons ganham energia para se movimentarem quando estão sob a influência de calor e luz, mas não é só isso que faz eles se movimentarem, a tensão elétrica também entrega energia aos elétrons, porém, faz com que eles se movimentem de forma ordenada, todos em um mesmo sentido.
A tensão elétrica pode ser contínua ou alternada, dependendo da fonte de tensão utilizada. Estes conceitos iremos estudar em outra aula deste curso.
A tensão elétrica que utilizamos pode ter vários níveis de intensidade, dependendo do uso que será feito dela, podendo ser altíssimos níveis para a transmissão desde a usina geradora, até baixíssimos níveis em aparelhos eletrônicos.
No circuito elétrico utilizado nesta aula, medimos a tensão elétrica na entrada do circuito com o múltimetro e encontramos o valor de 128,5V em corrente alternada.
Este valor de tensão é encontrado normalmente nas residências e são entregues por transformadores nas redes de distribuição na maioria das cidades. Outro nível de tensão comumente encontrado nas residências é o de 220V, utilizado em cargas mais potentes como chuveiros, torneiras elétricas e pequenos motores.
RESISTÊNCIA ELÉTRICA
A resistência elétrica é a oposição oferecida por todos os elementos do circuito à passagem da corrente elétrica. A resistência elétrica é representada pela letra R e a sua unidade de medida é o ohms, cujo símbolo é a letra Ω.
Os circuitos elétricos são compostos por diversos materiais, cada um com suas características próprias, uns conduzem a corrente elétrica mais facilmente e outros menos.
A resistência elétrica depende das características do material. Os materiais isolantes tem altíssima resistência elétrica, já os materiais condutores tem baixíssima resistência elétrica. Existem materiais que estão em um ponto intermediário, ou seja, nem são bons isolantes, nem bons condutores.
Podemos comparar a resistência elétrica a uma estrada, quanto mais esburacada, cheia de curvas e obstáculos for a estrada, mais devagar os carros terão que andar. Da mesma forma, maior for a resistência elétrica do material, mais dificuldade os elétrons livres, ou seja, a corrente elétrica, terá para circular. Os materiais isolantes são como as estradas ruins, onde os carros tem que andar bem devagar e um de cada vez, já os materiais condutores são como as estradas com asfalto novo, com várias pistas de alta velocidade.
No circuito utilizado nesta aula, temos a lâmpada incandescente que apresenta uma resistência à passagem da corrente elétrica que é variável com a temperatura. Quando a lâmpada está desligada e fria, a resistência elétrica medida foi de 11 ohms e quando ligamos a lâmpada e ela se aqueceu, pudemos medir uma resistência elétrica maior que 26 ohms.
Esta variação da resistência elétrica acontece porque o material utilizado no filamento da lâmpada incandescente é o tungstênio que possui esta característica.
O restante do circuito não apresenta resistência elétrica que precise ser considerada porque são feitos de cobre que são materiais condutores de baixíssima resistência elétrica.
Assista ao vídeo abaixo para acompanhar a execução das medidas mostradas nesta aula e deixe seus comentários, dúvidas e sugestões.
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Artigo escrito pelo professor e Engenheiro Elétrico Gustavo Antonio Velho em 18 de agosto de 2021.
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